As Castas e os Vinhos

Para se fazer bons vinhos é preciso optar por boas castas, nomeadamente as recomendadas para a Região Demarcada. A personalidade de um vinho depende, em muito, da(s) casta(s) utilizada(s). Muitas das castas na Região Demarcada dos Vinhos Verdes são consideradas autóctones à custa da sua antiguidade nesta região e por terem surgido apenas no noroeste ibérico. Estes são, provavelmente, os fatores que traduzem com maior intensidade a especificidade do Vinho Verde (CVRVV, 2017).

A Cooperativa Terras de Felgueiras – Caves Felgueiras, C.R.L. produz e comercializa uma série de marcas de vinhos verdes tintos e brancos, passando pelos espumantes, com base numa variedade de castas recomendadas para a Região (ou sub-região) dos Vinhos Verdes.

CASTAS DE VINHOS VERDES TINTOS

A produção de Vinhos Verdes é tradicionalmente de vinhos tintos. Estes são ideais para acompanhar os mais famosos pratos regionais, sobretudo de carne e assados. Possuem um teor alcoólico médio e devem apresentar uma taxa de volume de álcool entre os 8,5 e os 11,5% após engarrafamento (Osório, 2002:61).

Casta de alguma expansão na Região, não sendo todavia recomendada para as sub-regiões de Baião, Monção e Melgaço e Paiva (Osório, 2002:57). Produz vinhos de cor rubi, de aroma e sabor à casta. Tradicionalmente vinificada em bica aberta em diferentes locais da Região para produção de vinho rosado (CVRVV, 2017), conhecido por Espadal (Malheiro, 2011:24). O índice de fertilidade ronda uma a duas inflorescências por ramo, dando cachos muito compridos e medianamente compactos, o que a torna numa casta produtiva. É uma casta de abrolhamento tardio e de maturação, igualmente, tardia (Malheiro, 2011:24).

Casta cultivada tradicionalmente na sub-região de Basto, embora, hoje em dia, seja também recomendada para outras sub-regiões. Produz mostos ricos em açúcares, dando vinhos de cor vermelha rubi a vermelha granada, de aroma e sabor à casta, harmoniosos e saborosos. Possui uma fertilidade média, com uma a duas inflorescências por ramo, com cachos grandes e frouxos, o que a torna muito produtiva. É uma casta tardia no abrolhamento, mas precoce na maturação (Malheiro, 2011:25).

Esta casta, de grande expansão, é cultivada em toda a Região Demarcada dos Vinhos Verdes devido à sua qualidade e por ser a única casta regional tintureira. Produz vinhos de cor intensa, de aroma vinoso, onde se evidenciam os frutos silvestres (amora e framboesa), sendo o sabor igualmente vinoso, encorpado e ligeiramente adstringente (CVRVV, 2017).

É uma casta vigorosa e regular na produção, com boa afinidade com a maioria dos porta-enxertos usados. Apresenta um índice de fertilidade moderado, com duas inflorescências em média por ramo. Os seus cachos são médios e medianamente compactos. É uma casta de ciclo curto, sendo, comparativamente às outras castas tintas, das mais tardias no abrolhamento, recuperando na floração e sendo das mais precoces no pintor. É sensível aos ácaros (Malheiro, 2011:25-26).

CASTAS DE VINHOS VERDES BRANCOS

A produção de Vinhos Verdes é tradicionalmente de vinhos tintos. Estes são ideais para acompanhar os mais famosos pratos regionais, sobretudo de carne e assados. Possuem um teor alcoólico médio e devem apresentar uma taxa de volume de álcool entre os 8,5 e os 11,5% após engarrafamento (Osório, 2002:61).

Apesar de esta casta estar mais presente nos campos da sub-região de Monção e Melgaço, dada a sua elevada qualidade tem sido utilizada em outros pontos da Região Demarcada e do país. O vinho caracteriza-se por uma cor intensa, com reflexos citrinos, aroma intenso, distinto e complexo, que vai desde o marmelo, pêssego, banana, limão, maracujá, a flor de laranjeira e violeta, a avelã e noz e a mel, sendo o sabor complexo, macio, redondo, harmonioso, encorpado e persistente (CVRVV, 2017). Com um elevado índice de fertilidade, apresenta com frequência três inflorescências por lançamento, dando origem a cachos pequenos, alados e medianamente compactos, o que a torna uma casta pouco produtiva. É uma casta precoce no abrolhamento e na maturação. Revela-se sensível ao míldio e oídio, muito sensível à acariose e propensa à esca da videira (Malheiro, 2011:21).

Conhecida também como Pedernã ou Arinto de Bucelas, esta casta é cultivada por toda a Região, exceto na sub-região de Monção e Melgaço. Atinge o seu mais elevado nível de qualidade nas zonas interiores da Região. Os vinhos são de cor citrina a palha, apresentam aroma rico, do frutado dos citrinos e pomóideas (maçã madura e pera) ao floral (lantanas). O sabor é fresco, harmonioso e persistente (CVRVV, 2017).

Esta casta é muito vigorosa e de boa afinidade com a maioria dos porta-enxertos utilizados na Região. Apresenta uma fertilidade baixa, com uma inflorescência por lançamento, em média. Todavia, dá origem a cachos grandes, compactos e pesados, o que a torna muito produtiva. Tem um abrolhamento e maturação médios. É muito sensível à cigarrinha verde e podridão dos cachos e sensível ao míldio e oídio (Malheiro, 2011:21-22).

Casta cultivada particularmente em zonas do interior onde amadurece bem e atinge o seu nível de qualidade quando plantada em terrenos secos e bem expostos. Esta é uma casta que se apropria para a sub-região do Sousa. Produz vinhos de cor ligeira, citrina aberta, descorada, aroma frutado (limão e maçã verde), não excessivamente intensos e complexos. Os vinhos com base nesta casta são também finos, ligeiramente acídulos, frescos e jovens, podendo, em anos excecionais, revelar-se encorpados e harmoniosos (CVRVV, 2017).

Apresenta, em média, uma a duas inflorescências por lançamento, dando origem a cachos médios, muito compactos e pesados, o que torna a casta muito produtiva. É uma casta de ciclo longo, precoce no abrolhamento e tardia na maturação. Revela-se sensível ao míldio, oídio e podridão dos cachos (Malheiro, 2011:22).

Casta cultivada em quase toda a Região dos Vinhos Verdes. Contudo, adapta-se melhor às zonas litorais, não sendo, deste modo, recomendada nas sub-regiões mais interiores como Amarante, Basto e Baião. Antiga e de alta qualidade, produz vinhos de cor citrina, aroma fino, elegante, que vai do frutado de citrinos (limão) ao floral (rosa) e melado (bouquet). O sabor é frutado, com ligeiro acídulo, fresco, harmonioso, encorpado e persistente (CVRVV, 2017).

Apresenta, em média, duas inflorescências por lançamento, dando origem a cachos compridos, medianamente compactos e pesados. É uma casta de abrolhamento médio a precoce e de maturação média. Casta sensível ao míldio, oídio, escoriose, podridão dos cachos e aos ácaros (Malheiro, 2011:23).

Casta cultivada por toda a região, embora não seja recomendada para a sub-região de Baião. Produz vinhos de cor intensa, palha dourada, de aroma intenso, a frutos de árvore maduros (maçã, pera e pêssego), macerados, sendo o sabor macio, quente, redondo e com tendência, em determinadas condições, a baixa acidez (CVRVV, 2017).

É uma casta muito vigorosa e de boa afinidade com a maioria dos porta-enxertos utilizados na Região. Apresenta uma ou duas inflorescências por lançamento, dando origem a cachos médios, muito compactos e pesados. Casta de ciclo curto, tardia no abrolhamento (a mais tardia) e precoce na maturação. É sensível ao míldio e podridão dos cachos (Malheiro, 2011:23).